domingo, junho 27, 2010

VIVA!

Pois bem, vamos lá! Como explicar...? É como mergulhar, mergulhar e mergulhar. Parece não haver fundo, nem cansaço. A cara está a tapa, seja um zé ninguém ou o papa. Paixão. É a paixão que move, resultado de uma energia [quase] sexual. Os entorpecentes nos embalam. É mesmo como uma bala perdida. Sem destino, mas intensa. Vai onde tem de ir. Vai! Barroco, cultura, diversidade. Caos, orgia, sujeira. Maconha, álcool, água, álcool, água, maconha. Onde chegar?

VAMOS VIVER!
VIVA RAUL!
VIVA A SOCIEDADE ALTERNATIVA!
VIVA OS NOVOS BAIANOS!
VIVA OS SECOS E OS MOLHADOS!
VIVA OS MUTANTES E OS NÃO MUTANTES!
VIVA O BRASIL E O MUNDO!
VIVA A "VIAGEM"!
VIVA!

Delírio

Não vou buscar
A esperança
Na linha do horizonte
Nem saciar
A sede do futuro
Da fonte do passado
Nada espero
E tudo quero
Sou quem toca
Sou quem dança
Quem na orquestra
Desafina

Quem delira
Sem ter febre

Só o par
E o parceiro
Das verdades
À desconfiança


Secos e Molhados - Delírio

quarta-feira, outubro 01, 2008

À Rubem Fonseca

Despertei. Estou de mau-humor. Acordar de mau-humor é uma ótima maneira de arrostar o dia, sem sorrisinhos falsos de homens com remelas nos olhos. Bom dia é o caralho.
Tente entender: Moro há um mês num sobrado com minha mãe. Além da perda de privacidade, tenho que ouvir seus amiguinhos escrotos falando ao telefone. Eu não mereço isso. Estou nervoso, vou me mudar amanhã.
Meu tio possuí várias kitnetes, as quais herdou da minha vó. Não foi bem isso, mas simulemos que sim. Ele vive dos aluguéis desses imóveis. São seis. Há quatro na parte frontal e duas na parte de trás do terreno. Como eu e minha mãe estávamos morando em uma kitnete, e ele, meu tio, em outra, sobraram quatro.
Pensando em seu conforto, em seu umbigo, em suas mulheres, em suas roupas, o filho da puta do meu tio praticamente impôs que vai morar comigo. Filho de uma puta! Sempre soube que seus olhos eram maiores que a cara, um dia eles pularão da órbita, de tão grandes.
Tento respirar, tento ler, tento dormir. Não consigo. A energia elétrica foi cortada, estamos no escuro. Alimentos apodrecem na geladeira. Rio, pra não chorar.
É noite de sexta, vou ao teatro, há um festival na cidade. Meu tio me acompanha. Coitado, sinto pena dele, mal sabe escrever o nome e se acha apreciador de artes cênicas. Quando penso nisso, sério, caio na gargalhada.
Ao irmos ao teatro, julgo estar tudo bem, pois conversamos normalmente. Pura ilusão. A peça acaba, ele começa. Fala, fala, fala. Ouço, apenas ouço. Não vale a pena descrever nosso diálogo, pois além de baixo, foi muito pessoal. Suas palavras me tocaram no íntimo. Ofenderam-me de verdade. Isso é raro, não lembro a última vez em que isso aconteceu. Quando conheceremos realmente uma pessoa? Quantas faces possui um homem? Não me atrevo a responder.
Estou desacreditado. Nada será como antes. Nada será como antes, repito em voz baixa.
Foi uma noite surreal, inacreditável, pareceu sonho, ou pesadelo. Pareceu, mas não era. Vi que era tão real quanto seu baseado aceso.
De cabeça baixa me retirei, prometendo ser duro, ser forte. Prometendo mudar. Nada será como antes.

Rotina

Veja a rotina desse menino: Segundas e quartas acorda cedo, tem aula de inglês, a qual conta os minutos pra se ver livre. Vai sem tomar café, come apenas uma banana. As vezes escova os dentes, quando não está atrasado.
Pensa bastante na vida quando acorda. Sabendo disso, decide parar de pensar. A aula corre bem, ele volta só, e permanece em casa até a hora do almoço. Essas horas o agonizam. Sente muita falta dos amigos. Isso passa quando lhe oferecem um cigarro. O cigarro da paz, se é que vocês me entendem. Fuma, ri, viaja. Como isso é bom. É apenas a segunda-feira.
Almoça, volta ao ócio. Novamente lembra-se dos amigos, que saudade...
A noite chega, sente-se melhor. Passara a tarde lendo. Ler é seu maior passatempo. De vez em quando escreve. A preguiça é seu maior vilão, ou será a impaciência? Ele tem dúvidas.
Em sua casa há música 24 horas. Talvez seu humor, seu estado de espírito acompanhem os sons. Acaba de ouvir Bob Dylan, acende um cigarro, o convencional, e canta junto, baixinho.
Fecha os olhos, puxa, traga, solta. Fim da segunda-feira. Terminou bem.

terça-feira, julho 01, 2008

Sede de viver

Naquele dia eu tava mal.
Não lembro bem porque.
Decidi, dali por diante, viver por viver. Poderia ser esse meu último dia na Terra. Pouco importava.
Portanto caminhei, pensei, quase respirei. Atravessei ruas olhando apenas para frente, vendo até onde meus olhos poderiam ver. Passei por caminhos obscuros, perigosos, desertos. Mas não parei em momento algum.
É perturbador quando as coisas não acontecem no momento em que mais queremos que ocorram. Eu só queria morrer. Não morri.
Deus? Talvez.
O fato é que isso me fez ter sede de viver. Não, não voltaria a ser o mesmo. Jamais.
E vivo os dias como se fossem os últimos.
Eu tenho sede.

quarta-feira, março 19, 2008

Bob Dylan, 08-03-2008, Rio Arena



Um show repleto de surpresas, dúvidas e ansiedade.
Uns queriam uma música, outros outra. E assim Bob Dylan fez, daquele jeito timidamente cativante, um dos melhores da minha vida.
Sua genialidade e também de sua banda mostraram que o folk, o country e a essência do rock'n'roll não morreram, estão mais vivos do que nunca.
Seu grau de improvisação foi como um tapa em quem ainda duvidava de seu talento e flexibilidade musical. Isso foi tão intenso na apresentação, que diversas vezes era impossível reconhecer as músicas sem recorrer a letra.
Dylan alternava músicas do belíssimo "Modern Times" com canções que o consagraram, como "Like a Rolling Stone" e "Blowin' In The Wind". Alternava-se também nos instrumentos, tocando guitarra, gaita e teclado, com o qual ficou tocando por mais tempo.
Depois de mais de uma hora e meia de apresentação Bob Dylan, daquele jeito sempre sutil de ser, despediu-se do público.
E assim se foi a lenda.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Houve uma vez em que explodi.
Não sobrou nada, nem mesmo cinzas.
Me vi fora de mim, olhando para quem não me via.
Sensação estranha, que, aos poucos, se tornou agradável.

Não mais seguiam meus passos,
Muito menos reparavam minha sombra.
Não secavam minhas lágrimas,
Porém ainda as provocavam.

Não me achavam estranho,
Me olhavam com indiferença, talvez por não me verem.
Me deixaram observar a Lua
E caminhar noite afora.
Ignoravam minha presença.

Num certo momento implorei por atenção,
Chorando desesperadamente, caí em soluços.
Por fim me conformei.
Acordei.
Tudo voltou a ser como antes.
Sinto falta da minha pseudo-existência.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

1º de Fevereiro de 2008

Ele está drogado, acaba de experimentar mais uma das novas drogas sintéticas, pré fabricadas para festas raves. Ele não irá numa dessas festas, mas ainda assim a tomou. Largado, tímido, até oprimido se encaixaria no momento. Não liga pra nada, é carnaval, não gosta do som que ouve nas ruas, tem um MP3 à mão. A droga começa a fazer efeito, o suor escorre pelo corpo como se uma tempestade o atingisse. Cigarro à mão para controlar a ansiedade. Bebera antes, isso pode fazer-lhe mal.
Alguém se aproxima. É uma mulher. Está tímido, não sabe direito o que ela quer. Come cigarros e mais cigarros pra esconder o nervosismo. Ainda sua como um porco. Na camisa uma estampa do "Laranja Mecânica". Ninguém o nota por isso, exceto ela, a menina que se aproximou. Ele está passando mal, mas continua levando, curioso pra ver onde isso pode parar.
Então ele a beija, de uma maneira lenta e confiante. A última coisa que imaginava era aquilo estar acontecendo. Mas estava.
A leva pra longe dali. Pessoas olham incrédulas, reparando que um menino franzino, com cara de criança, acompanha uma menina com cara de mulher, pretendida por muitos homens com cara de homem.
A vida é assim, não sei porque, mas é.
Eles andam pela praia, a brisa os envolve, as ondas os abençoam.
Sentam, conversam, beijam-se, se organizam. "É surreal", pensam os dois, no mesmo segundo. Há poucas horas atrás nenhum deles imaginaria, nunca, que isso estaria acontecendo. Mas está. Ele agradece a Deus em seus pensamentos, culpando-se por estar tão afastado Dele. Não sei o que ela pensa. Ele fala bastante. Quer passar uma boa imagem, e parece conseguir. O celular dela toca, é uma amiga. Terá de ir embora. Triste e feliz. Assim ele se sente. Triste por saber que é apenas uma aventura carnavalesca e que poderão nunca mais se ver. Feliz por tudo aquilo ter acontecido, feliz mesmo.
Ela se vai, ele também. O menino agradece pela noite como a muito tempo não fazia. Quase chora de felicidade. Caminha, caminha, caminha, apenas pra passar o tempo e não deixar tais acontecimentos se perderem. Não quer dormir, e não dorme. Pensa o que será o dia seguinte.
E assim amanhece. Tem saudade, uma saudade gostosa, contagiante. Assim foi o primeiro dia de carnaval de um pobre menino, desiludido, poético, melancólico, pensativo, porém livre. Livre para viver.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

José González, SESC Vila Mariana, 22/01/2008


O show do sueco com raízes argentinas José González foi fantástico!
Calmo, simples, discreto, intenso!
Com apenas um violão González parecia extrair toda uma orquestra.

Excelente show de um dos maiores músicos da atualidade!