segunda-feira, fevereiro 04, 2008

1º de Fevereiro de 2008

Ele está drogado, acaba de experimentar mais uma das novas drogas sintéticas, pré fabricadas para festas raves. Ele não irá numa dessas festas, mas ainda assim a tomou. Largado, tímido, até oprimido se encaixaria no momento. Não liga pra nada, é carnaval, não gosta do som que ouve nas ruas, tem um MP3 à mão. A droga começa a fazer efeito, o suor escorre pelo corpo como se uma tempestade o atingisse. Cigarro à mão para controlar a ansiedade. Bebera antes, isso pode fazer-lhe mal.
Alguém se aproxima. É uma mulher. Está tímido, não sabe direito o que ela quer. Come cigarros e mais cigarros pra esconder o nervosismo. Ainda sua como um porco. Na camisa uma estampa do "Laranja Mecânica". Ninguém o nota por isso, exceto ela, a menina que se aproximou. Ele está passando mal, mas continua levando, curioso pra ver onde isso pode parar.
Então ele a beija, de uma maneira lenta e confiante. A última coisa que imaginava era aquilo estar acontecendo. Mas estava.
A leva pra longe dali. Pessoas olham incrédulas, reparando que um menino franzino, com cara de criança, acompanha uma menina com cara de mulher, pretendida por muitos homens com cara de homem.
A vida é assim, não sei porque, mas é.
Eles andam pela praia, a brisa os envolve, as ondas os abençoam.
Sentam, conversam, beijam-se, se organizam. "É surreal", pensam os dois, no mesmo segundo. Há poucas horas atrás nenhum deles imaginaria, nunca, que isso estaria acontecendo. Mas está. Ele agradece a Deus em seus pensamentos, culpando-se por estar tão afastado Dele. Não sei o que ela pensa. Ele fala bastante. Quer passar uma boa imagem, e parece conseguir. O celular dela toca, é uma amiga. Terá de ir embora. Triste e feliz. Assim ele se sente. Triste por saber que é apenas uma aventura carnavalesca e que poderão nunca mais se ver. Feliz por tudo aquilo ter acontecido, feliz mesmo.
Ela se vai, ele também. O menino agradece pela noite como a muito tempo não fazia. Quase chora de felicidade. Caminha, caminha, caminha, apenas pra passar o tempo e não deixar tais acontecimentos se perderem. Não quer dormir, e não dorme. Pensa o que será o dia seguinte.
E assim amanhece. Tem saudade, uma saudade gostosa, contagiante. Assim foi o primeiro dia de carnaval de um pobre menino, desiludido, poético, melancólico, pensativo, porém livre. Livre para viver.

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Gostaria de ter conhecido essa menina-mulher.. ela deve ter muito a oferecer

5:59 PM GMT-8  
Blogger n o n t o x i c disse...

Uma bela liberdade,em meio ao amor eterno de uma noite,ou um dia,foi um tempo...

4:15 PM GMT-8  

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